Casos e Vozes
Redes Nacionais de Pesquisa e Educação
(Coluna de opinião, por Luis Eliécer Cadenas Marín, Diretor Executivo de RedCLARA) O termo “redes” tem sido usado em muitos contextos: vivemos a “era das redes”, temos “redes” sociais, “redes” comunitárias, “redes” de colaboração, “redes” de educação e tantas outras. Por essa razão, é muito importante fazer uma distinção entre esses usos e seus significados, e definir com precisão o que o termo “rede nacional de pesquisa e educação” significa.
O termo redes, em geral, é usado para representar redes colaborativas. Essas redes colaborativas podem ou não ter como premissa o uso de tecnologia. Por outro lado, as Redes Nacionais de Pesquisa e Educação são organizações que coordenam, a nível nacional, a infraestrutura digital necessária para que universidades e centros de pesquisa potencializem suas atividades, alcancem resultados e se integrem eficazmente a nível global com outras redes nacionais.
As principais diferenças entre estes dois tipos de redes estão explicados na tabela a seguir:
Rede Nacional de Pesquisa e Educação |
Rede colaborativa em termos gerais |
É uma organização com identidade jurídica e a missão de constituir e administrar a infraestrutura digital requerida para a Educação e a Ciência. |
Constituída principalmente por indivíduos com interesses comuns, mas que pertencem a diferentes instituições |
Os encarregados de cumprir a missão da rede são empregados que recebem salário por seu trabalho. |
Os encarregados de cumprir a missão da rede são voluntários com interesse no tema comum que, em geral, não recebem salários por sua participação na rede. |
Há somente uma por país. |
Podem existir muitas, de distintos tipos, com diversos alcances geográficos. É importante destacar que as redes de colaboração em ciência e educação pertencem a essa categoria. |
Não tem fins lucrativos. |
Pode ou não ter fins lucrativos. |
O acesso à infraestrutura implementada pela rede nacional se dá através de um modelo de membresia, nos quais os clientes são, ao mesmo tempo, membros e donos da organização. |
Não implica necessariamente a existência de uma infraestrutura. |
Promovem e apoiam os meios para a criação de muitas redes de colaboração em ciência e educação apoiadas sobre a infraestrutura comum. |
Promove a incorporação de novos membros, mas não dá suporte a múltiplas redes. |
As Redes Nacionais de Pesquisa e Educação otimizam soluções de problemas comuns às universidades e centros de pesquisa de um país em termos econômicos, organizacionais e sociais. Se todas têm a necessidade comum de conectividade, data centers, recursos de computação, gerenciamento de segurança de TI, gerenciamento de dados e outros, deixar que cada universidade resolva seus problemas “sozinha” é uma solução inferior sob todos os pontos de vista e, acima de tudo, sob o econômico.
Além disso, os enormes recursos de computação e conectividade necessários para a Ciência e a Educação exigem infraestruturas dedicadas com padrões de desempenho que não são fornecidos a um custo eficiente pelo mercado.
As Redes Nacionais de Pesquisa e Educação são geralmente organizações (governamentais ou não) com mecanismos de governança bem estabelecidos, que estão nas mãos das universidades e centros de pesquisa que as constituem. Estas, por sua vez, estão representadas em uma assembleia que delega a execução de projetos prioritários ao pessoal contratado para esse fim na organização.
Atualmente há mais de 140 redes nacionais espalhadas pelo mundo, o que é um indicador de sua eficácia e importância. Quase todos os países com altos níveis de produtividade científica e ensino superior de qualidade possuem uma Rede Nacional de Pesquisa e Educação.
Essas organizações impactam positivamente a ciência, a educação e a inovação, fornecendo uma infraestrutura comum necessária para que essas áreas sejam fortalecidas e integradas a outros atores em todo o mundo. Ao promover a ciência, a educação e o desenvolvimento tecnológico, elas impactam, indiretamente, mas de uma forma muito importante, o crescimento econômico e social dos países aonde estão.
É surpreendente, pelo menos para mim, que em meio a uma pandemia, em que o trabalho de cientistas de todo o mundo para obter uma vacina a uma velocidade nunca antes vista tenha se tornado evidente, ainda temos governos na América Latina que não entendem a relevância desses investimentos. Ou eles não entendem ou não querem entender. Optei pela segunda opção.